quinta-feira, 10 de julho de 2014

Por que temer o fantasma do passado?



Olá, meu nome é Letícia e eu costumo sonhar acordada. Com coisas que aconteceram, que poderiam ter acontecido, que podem acontecer. Ás vezes sonho até mesmo que eu não sou eu, ou não tenho a mesma aparência. Posso mudar num piscar de olhos as coisas que quero mudar, e de vez em quando até ter super-poderes. Uma das vantagens de se ter acesso tão fácil ao mundo do sonhar é que posso lidar com a realidade melhor. E lidar com a realidade de maneira pacífica é aceitar o passado e que ele não pode ser mudado na vida real. Quando estou de bom humor, gosto de mergulhar no sonhar do passado e imaginar o que poderia ter acontecido se tivesse feito tal coisa ou não. E hoje em dia, pelo menos hoje que estou com humor legal, consigo ver as coisas boas que aconteceram comigo.

O primeiro passo pra se dar bem com o passado é admitir que você já fez algo que te envergonha e é embaraçoso até lembrar de um evento. Admito que já fui escrota com pessoas que não mereciam e legal com quem não mereciam nem um bom dia. Mas isso serve pra ensinar coisas que não poderemos aprender de outra maneira. Acho que a palavra certa é absorver e não aprender.

Há 10 anos atrás, eu não me imaginava sendo a pessoa que eu sou hoje. Pra ser honesta, eu estava entrando numa fase bem deprimente e nem sabia disso. E assim como Cazuza, boa parte dos meus ídolos estavam mortos, eu nem me imaginava viva, mas cá estou, escrevendo sobre os sonhos e desilusões da minha pré-adolescência. E quando eu visito o passado, mesmo observando os períodos difíceis é emocionante saber o que eu conquistei e o que está por vir e não sei o que será.

Um exemplo de como podemos aprender coisas boas com o passado, é que pode-se ter uma boa experiência até com ex! Não, não pense que eu fico por aí suspirando por ex, meus suspiros são da outra metade do pudim já faz uns 4 anos. Mas sabe aquele ditado de que cada vez que conhecemos alguém, deixamos um pouco de nós e levamos um pouco do outro com a gente? Estive pensando nisso hoje, e posso dizer com certeza que algumas pessoas do meu passado tinham um ótimo gosto musical. E como era divertido ser adolescente, só que na época não é nada divertido. Lembro dos nervosismos, dos momentos fofos de quando alguém dá indiretas pra você, ou quando não é correspondido ou até mesmo tem que dizer não. No meu caso eu não reparava porque sou tapada mesmo então alguma amiga vinha falar comigo: "Acho que fulano está afim de você". E eu que sempre fui tímida e um pouco anti-social desde sempre, lembro de uma vez específica que um garoto que eu tava afim com meus 16 anos mandou recado pela minha amiga mais próxima na época de que de fato gostava de mim e queria saber se era recíproco. Foi engraçado, a Letícia adolescente não acreditava que alguém achava ela legal a ponto de querer ficar com ela, rs. Acabamos ficando juntos, foi super divertido, acho que durou um mês só.

Eu tenho boas memórias desse período da minha vida. Lembro de voltar junto com ele no metrô, de ele pedir pra eu esperar as aulas da tarde dele terminarem e eu ficava com alguns amigos jogando baralho, estudando, desenhando, etc. Mas acho que a lembrança mais legal foi que ele tinha um mp3 que deixava comigo, e eu podia passar a tarde toda vendo que tinhamos muito em comum musicalmente falando. Acho justo dizer que o playlist dele me conquistou. Eu basicamente ouvia as mesmas bandas que escuto hoje, mas era bem mais raro achar gente pra conversar sobre. E quando alguém que tem pré-disposição pra você gostar te empresta um mp3 recheado de Rammstein e Nightwish... E me sinto bem me lembrando desses momentos. Gosto de saber que peguei um pouco do gosto musical dele, sendo que naquela época eu quase não escutava Rammstein, Nightwish sim e muito, mas Rammstein eram poucas músicas. Foram momentos divertidos enquanto durou :)

Daí que imagino o que eu deixei com essas pessoas. Eu sei que como música é deveras presente na minha vida, e antes era bem pior eu acho, rs. Acho que ainda fazia canto lírico na época do ocorrido. Fico pensando se eu deixei alguma influência musical pra trás. Uma vez, o primeiro menino que eu "fiquei" disse que eu fiz ele escutar mais Tristania, e em troca, eu acabei ouvindo mais Epica por causa dele. Já pensou que o seu gosto musical também recebe influências de outras pessoas, e nem sempre é ruim ouvir aquela música que te lembra de um relacionamento passado? Música, livros, filmes, etc.

Vou dar outro exemplo. Eu adoro o filme "Elizabethtown" por motivos de Orlando Bloom. Um dia, sofri um rompimento de relacionamento horrível e tava dando esse filme na tv. E eu não quis associar o filme àquele dia, mas quando troquei de canal, tava passando "Os Rejeitados Pelo Diabo" do Rob Zombie, que é um dos meus filmes mais amados da vida até hoje, e eu resolvi reassistir o filme. Temos um vínculo forte até hoje, eu e o filme, rs.

Será que eu influenciei as pessoas do jeito que algumas delas me influenciaram? Será que elas conseguiram transformar as coisas ruins e os traumas em saldo positivo? Será que hoje em dia alguém escuta minhas bandas preferidas por minha causa? Sei que a outra metade do pudim já cantarola as músicas do ultimo cd do Epica por minha culpa e eu to com pensamento mais "rápido" em jogos por causa dele.

É sempre bom saber que a garota que ficava até tarde esperando "aquela" pessoa sair, ou voltava sozinha pra ninguém ver que ela ia chorar, alguns anos mais tarde estaria viva, e trabalhando duro pra concretizar os sonhos que tanto quer :)

Não tema o passado gente, olhe pra ele com orgulho. Se ele foi muito ruim e você conseguiu ser uma pessoa boa hoje, se você tem orgulho de si mesma, agradeça a ela, e não tenha medo de fazer uma visita a ele de vez em quando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário